quinta-feira, 5 de maio de 2011

CARLOS HEITOR CONY - O terrorista emérito

RIO DE JANEIRO - Os norte-americanos são como o Botafogo: há coisas que só acontecem com eles. E como a bandeira deles tem muitas estrelas (a do Botafogo só tem uma), o resultado é que são exagerados, no bem e no mal.
A caçada a Bin Laden, que seria uma decorrência natural e justificável na luta contra o terror organizado, teve um final polêmico, que dará assunto para muitos filmes de ação -alguns deles já devem estar sendo produzidos.
Não se sabe por que o governo dos Estados Unidos gosta de mentir, e grande parte de sua história tem leituras conflitantes, como as mortes de Lincoln, Kennedy e até de Marilyn Monroe.
Bush mentiu e obrigou o general Colin Powell a mentir e a confessar que mentiu no caso da invasão do Iraque, país acusado de estar fabricando armas de extermínio massivo. Bem verdade que no caso do Paquistão ainda é cedo para surgir a verdade verdadeira (se o pleonasmo é possível). O episódio tem todos os germens para diversas teorias conspiratórias, a começar pela própria morte de Bin Laden, cujo cadáver foi jogado apressadamente no mar.
Fotos e filmes posteriores poderão ser contestados. O exame de DNA não prova nada. Para citar Eça de Queiroz: os norte-americanos "fizeram-na boa".
Quanto ao terrorismo em si, um terrorista só, como uma só andorinha, não faz verão. Os atentados continuarão, Bin Laden podia ser considerado um terrorista emérito, como FHC é professor emérito. Estava desativado, morava numa casa com crianças e mulheres, sem telefone, TV, internet.
Como podia dirigir uma rede internacional de capangas? Nem assistia ao programa do Faustão, não jogava na Mega-Sena e pagava tributo ao Grande Satã consumindo Coca-Cola e Pepsi. O que podia se esperar de um velho bandido assim?

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