sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O fim de Mubarak

Por Alberto Dines em 4/2/2011

Comentário para o programa radiofônico do OI, 4/2/2011

O governo de Hosni Mubarak – ou o que dele restou – cometeu um erro decisivo ao tentar sufocar a imprensa internacional acampada no Cairo. Se a tivesse deixado trabalhar poderia faturar algumas simpatias e até reverter o inexorável desfecho. Mas ao adotar a repressão generalizada para calar a imprensa internacional Mubarak ficou rigorosamente só e reforçou os prognósticos sobre a sua ruína.

Só quem jamais se viu obrigado a conviver com uma imprensa livre seria capaz de confrontá-la desta forma. O maior jornal egípcio, o centenário Al-Ahram, é estatal, o governo o controla no essencial e o libera no acessório. As eventuais críticas são toleradas porque não ameaçam a continuidade do regime. E esta continuidade está sendo questionada pelas massas nas ruas não porque haja uma consciência democrática no país, mas porque o sistema egípcio está visivelmente corrompido, podre.

Pedra cantada

A doença do ditador e a eminência da sua substituição pelo filho, Gamal, não foram os deflagradores diretos da rebelião, mas alimentaram uma indignação importada da Tunísia que as redes sociais transformaram em convocações imediatas.

Agora com a mídia internacional alinhada em bloco contra o despotismo e oferecendo um espelho que a mídia local jamais pensou em suprir, o processo de defenestração parece irreversível.

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