terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Google fará banca de revistas digital para combater Apple

Autor(es): Russell Adams e Jessica E. Vascellaro | The Wall Street Journal
Valor Econômico - 04/01/2011


O GoogleInc. e a AppleInc. esquentaram a briga para atrair editoras, já que as duas empresas querem se tornar o principal distribuidor de jornais e revistas para computadores tablet e outros eletrônicos portáteis.

O Google está tentando atrair o interesse das editoras com uma banca eletrônica para usuários de seu software para celulares e tablets Android. Com a iniciativa, a gigante da internet tenta alcançar a Apple, que já vende versões digitais de várias revistas e jornais importantes em sua loja iTunes.

A banca eletrônica contaria com aplicativos de empresas de comunicação que oferecem versões de suas publicações para smartphones ou tablets que usam o Android, dizem pessoas a par da situação. O Google espera lançar o serviço, em parte, para fornecer uma experiência mais consistente para as pessoas que querem ler periódicos nos aparelhos com o Android, e também para ajudar as editoras a faturar com seus aplicativos, disseram as pessoas.

Executivos de comunicação que já discutiram o assunto com o Google dizem que os detalhes da iniciativa e o cronograma ainda são vagos. Eles acrescentam que é possível até que a iniciativa não vingue.

O Google discutiu seus planos com várias editoras, como a Time Inc., da Time WarnerInc., a Condé Naste a HearstCorp., segundo as pessoas a par do assunto. As editoras não quiseram comentar ou confirmar negociações.

Nas últimas semanas, dizem as pessoas cientes das conversas, o Google informou às editoras que aceitaria uma fatia menor de qualquer venda que usar os aplicativos do Android, contra os 30% que a Apple geralmente cobra de cada venda no iTunes. O Google também propôs fornecer às editoras certos dados pessoais dos compradores de aplicativos, para ajudá-las a oferecer produtos ou serviços relacionados.

No Google, a iniciativa da banca eletrônica é encabeçada por Stephanie Tilenius, vice-presidente de comércio eletrônico, segundo pessoas a par da situação.

"Já dissemos várias vezes que estamos conversando com as editoras sobre maneiras de trabalharmos juntos, como meios de ajudá-las com tecnologia para serviços de assinatura. Não temos nenhum comunicado específico no momento", afirmou o Google.

Enquanto isso, a Apple prepara várias mudanças no iTunes para solucionar as frustrações das editoras com a loja digital, segundo pessoas familiarizadas com a questão. Entre as mudanças, a Apple vai facilitar que as editoras vendam assinaturas no iTunes, além das edições individuais, mas continuará a ficar com 30% do preço. Isso permitiria que as editoras oferecessem descontos para assinaturas de longo prazo, como fazem com as versões impressas. E, como cada nova edição seria enviada automaticamente ao iPad ou outro tablet do assinante, a editora não teria de depender tanto das visitas de possíveis compradores ao iTunes.

A Apple planeja compartilhar mais dados sobre quem baixa o aplicativo de uma editora, informação que as editoras podem usar para fazer marketing. Segundo uma pessoa a par da questão, a Apple pediria ao assinante de uma versão para o iPad de uma revista ou jornal permissão para compartilhar com a editora dados pessoais como nome e e-mail.

Algumas editoras continuam insatisfeitas com esse acerto porque acham que poucas pessoas vão querer compartilhar os dados, segundo as pessoas a par da situação.

Há vários meses que a Apple discute as mudanças com as editoras, e alguns veículos devem começar a implementá-las este ano, disseram as pessoas.

Por meio de um comunicado, uma porta-voz da Apple não quis comentar, exceto para afirmar que a loja de aplicativos está "crescendo rapidamente e tem várias publicações excelentes".

O Google e a Apple não são os únicos que buscam novas maneiras de atrair editoras para os tablets e livros eletrônicos. A Amazon.comInc. começou recentemente a permitir que as pessoas leiam edições de periódicos disponíveis para seu livro eletrônico Kindle em aplicativos do Kindle para aparelhos com Android. A rede americana de livrarias Barnes & NobleInc. começou a vender assinaturas eletrônicas de revistas e jornais digitais para seu novo aparelho de e-books com tela colorida, o Nook Color.

A News Corp., dona do Wall Street Journal, começou a tentar atrair editoras para uma banca eletrônica em que as pessoas podem pagar para acessar versões digitais das publicações de várias editoras, mas engavetou o projeto no terceiro trimestre.

A competição que sobrou pode acelerar a migração dos periódicos para os tablets, criando novas maneiras de as editoras comercializarem seus títulos e propiciando mais controle sobre as vendas. Uma batalha parecida entre Google, Amazon, Apple e Barnes & Nobble já começou a transformar o mercado crescente de livros digitais, ajudando as editoras a ganhar mais flexibilidade de preço para seus títulos.

Embora muitas empresas de comunicação tenham corrido para criar aplicativos de iPad e tablets com o Android, elas afirmam que a atual incapacidade de vender assinaturas no iTunes, a falta de dados sobre quem compra os aplicativos e termos desfavoráveis estão impedindo que invistam mais na iniciativa. Algumas editoras afirmam que os dados pessoais são essenciais porque permitem identificar os compradores como novos clientes antigos ou novos, para que elas possam vender acesso a outros títulos impressos, na internet ou em outros aparelhos.

Enquanto algumas editoras pressionam a Apple a ajudá-las a vender mais assinaturas, muitas ainda relutam em fazer isso nos termos da empresa de tecnologia. A Apple informou às editoras que vai continuar insistindo na venda de assinaturas só para o iPad na loja iTunes, segundo pessoas a par da questão. O resultado disso é que algumas editoras afirmam preferir não oferecer uma assinatura só para o iPad, mas criar um pacote com um aplicativo da empresa para seus produtos, para que possam usar seu próprio sistema de pagamentos.

Outras afirmam temer que a Apple dificulte encontrar aplicativos que não usam seu sistema de pagamentos, segundo essas pessoas.

A Apple não quis comentar.

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