segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Banda larga móvel deslancha no país

Autor(es): Talita Moreira | De São Paulo
Valor Econômico - 24/01/2011

Telefonia : Crescimento está associado à popularização dos aparelhos de celular que captam as redes de 3G.

Passar horas diante do computador é um comportamento típico dos adolescentes e motivo de dor de cabeça para muitos pais, que se incomodam com o tempo que os filhos gastam enfurnados no quarto e com o tipo de conteúdo acessado por eles.

Para esses pais preocupados, há uma notícia boa e uma ruim. A boa é que os filhos já têm razões convincentes para sair mais de casa. A ruim é que, gostem ou não, a internet vai junto com eles.

A banda larga móvel está em franca expansão no Brasil - para alegria dos jovens internautas, mas também de profissionais e de qualquer pessoa que precise (ou queira) estar conectado o tempo todo, de qualquer lugar.

O país encerrou o último ano com 20,7 milhões de linhas capazes de se conectar à internet em banda larga por meio das redes de telefonia móvel, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O número ainda é pequeno - representa um décimo do total de celulares habilitados no mercado brasileiro - e não se pode afirmar que todas essas linhas sejam efetivamente usadas para o acesso à web. Entretanto, a cifra aumentou nada menos que 138% em relação ao fim de 2009 - o suficiente para provocar mudanças na estratégia das operadoras.

Os aparelhos de celular 3G foram os responsáveis por esse salto. Novos modelos e ofertas ajudaram a popularizar os telefones aptos a essa tecnologia, que permite o acesso à internet móvel em alta velocidade.

"Está explodindo o uso da internet no celular entre os brasileiros", afirma o diretor de marketing da TIM, Rogério Takayanagi. "Há uma mudança de hábito: as pessoas começam a querer se conectar o tempo todo."

Principalmente nas grandes cidades brasileiras, é cada vez mais comum ver pessoas usando o telefone móvel para mandar e-mails e navegar em redes sociais. "Os brasileiros estão aprendendo a usar a internet pelo celular e as redes sociais ajudaram muito nisso", avalia a gerente de serviços de valor agregado da Claro, Adriana Mattoso.

Atentas a isso, as operadoras têm apostado na oferta de aparelhos que já vêm carregados com aplicativos que dão acesso direto a redes como Facebook, Orkut, Twitter e MSN Messenger. Com os ícones desses serviços disponíveis já na tela inicial dos celulares, o acesso é mais imediato - mesmo por clientes que não assinam pacotes de serviços de dados.

Para cativar esse público que começa a se familiarizar com a tecnologia, TIM e Claro lançaram, no ano passado, uma modalidade de plano que dá acesso ilimitado à web e cobra por dia. Takayanagi, da TIM, não revela números, mas diz que os usuários do plano mais que triplicaram em poucos meses. As companhias também estudam novas formas de acesso pré-pago à internet móvel - numa tentativa de reproduzir nesse serviço o modelo que impulsionou a telefonia celular no país.

As vendas mensais de celulares 3G praticamente dobraram entre novembro de 2009 e igual mês do ano passado, segundo relatório da empresa de pesquisas GFK. O barateamento dos aparelhos contribuiu para isso. O preço médio dos chamados smartphones - telefones com recursos avançados para navegação - baixou 34% e agora está na casa dos R$ 900. Ainda são produtos caros, mas a tendência é que o valor continue em queda. Alguns modelos mais simples de aparelhos 3G já podem ser encontrados por cerca de R$ 250.

Para dar um empurrão extra nesse fenômeno, as operadoras estão concedendo incentivos financeiros à venda de aparelhos de terceira geração. As teles sabem que o preço dos celulares ainda é uma grande barreira ao acesso à banda larga móvel.

A Oi, por exemplo, oferece crédito ao assinante de pacotes de dados para que ele financie a compra de seu smartphone. O valor é abatido da conta mensal.

"Apostamos muito nos smartphones", afirma Jaqueline Lee, diretora de marketing da Qualcomm, fabricante de chipsets para celulares. A expectativa da companhia é que o total de assinantes de planos 3G no Brasil aumente 567% de 2009 a 2014.

O mercado mudou de rumo. Quando as primeiras redes de terceira geração surgiram no país, em 2008, o foco das operadoras não eram as conexões via celular. Naquele momento, o grande interesse era a oferta de conexões de internet pelo computador. Algumas empresas, inclusive, posicionaram seus pacotes como alternativas ao serviço de banda larga prestado pelas companhias de telefonia fixa. Por isso, todas as teles apostaram nos minimodens - aqueles aparelhinhos USB que, plugados num computador, conectam-se às redes móveis.

Mas, se no fim de 2009 os modens representavam mais da metade das conexões de banda larga móvel, agora somam 30% do total de terminais habilitados a captar as redes de dados. O cálculo foi feito a partir de informações divulgadas pela Anatel.

Passado o entusiasmo inicial, as teles se viram obrigadas a reduzir suas apostas nos modens, pois o acesso à internet via computador consome muita banda, o que causava lentidão nas novas redes e gerava insatisfação entre os usuários.

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